A medicina de emergência ainda traz muitos mitos no mundo todo e, alguns deles, nós vamos desmistificar abaixo. Agora, o que é real é que essa é uma das profissões mais estressantes do mundo. Mas, você sabe o que esses profissionais fazem ou quanto ganham?
A gente tem aqui um conteúdo muito rico sobre a profissão. Você vai ver a história da especialidade no Brasil, os cargos que podem ser ocupados, os salários dos profissionais e os requisitos para atuar na área. Sem dúvidas, você vai se surpreender com muitas coisas.
As profissões mais estressantes do mundo
Tem uma pesquisa que foi feita nos Estados Unidos, só que também reflete no mercado de trabalho brasileiro. O instituto Bureau of Labor Statistic mostrou que a medicina de emergência está em entre as profissões que mais deixam os profissionais estressados.
E ela vem junto com a de atendente de polícia e bombeiro, que receberam uma nota quase que máxima. Considerando que esses três profissionais podem ser funcionários públicos, o que acaba desmentindo a ideia de que o emprego público é “tranquilo”.
Além da medicina de emergência, do atendente de polícia e do bombeiro, as outras profissões listadas foram:
- Anestesistas;
- Operador de telemarketing;
- Dançarino;
- Obstetra e ginecologista;
- Cirurgião;
- Piloto e engenheiro de aviação;
- Cuidador;
- Auxiliar de banco de sangue.
O que é a medicina de emergência
De modo simples, nós estamos falando sobre atuar em situações que põe em risco a vida. Portanto, é uma especialidade da medicina que figura entre os principais campos de atuação dos médicos recém-formado. Essa informação é importante e já diz muito sobre a profissão.
O que também se pode notar é que o atendimento emergencial é complexo e vem ganhando importância a cada dia. Assim, o emergencista, como esse especialista é chamado, vai lidar com acometimentos, doenças e lesões que podem não ser diagnosticadas previamente.
De todo modo, o atendimento médico precisa ser feito ali, naquela hora. Por isso, o profissional tem que ter um preparo médico e técnico bastante aprofundado. Sem contar que o fator emocional acaba sendo um dos requisitos para atuar nessa profissão.
Cuidado com os termos: urgência e emergência
Só para que você não fique com dúvidas durante o restante do texto, a gente vai trazer aqui, de forma breve, a definição dos termos que causam confusão.
Urgência tem a ver com ocorrências imprevistas que pode ou não colocar em risco a vida. Nesse caso, o portador do acometimento vai precisar de assistência médica imediata. Por exemplo, uma fratura na perna em um acidente de trânsito.
Emergência é a constatação médica de condições que agravam a saúde e trazem riscos eminentes a vida ou sofrimento intenso ao portador. Ou seja, exige-se um tratamento médico. Por exemplo, um ataque de infarto em uma loja do shopping.
A história da medicina de emergência
A história começa em 1970 e vem dos Estados Unidos. Isso porque foi nesse ano que nasceu a primeira “residência” na área. Já o primeiro Departamento de Medicina de Emergência veio no ano seguinte, na Califórnia. E em 1979 nasceu a especialidade, de forma definitiva.
No Brasil, ela foi reconhecida bem mais tarde, em 2016. No entanto, há um fato curioso: em 1985 ela é característica do Ceará, quando nasceu a primeira sociedade médica destinada ao assunto. E em termos de América Latina, vários países a reconhecem, como a Argentina.
E contradizendo a pesquisa acima, que diz que a profissão está entre as mais estressantes, um estudo da Medscape Physician Compensation Report 2019 mostrou que 83% dos médicos emergencistas afirmam que escolheriam essa profissão novamente devido a satisfação.
As competências do médico emergencista
Agora que você conhece um pouco mais do profissional, vamos falar sobre as atribuições dele. Isto é, o dia a dia do médico que atua na emergência. Lembrando que ele pode atuar em Unidades de Pronto Atendimento ou Emergências Hospitalares, por exemplo.
Desse modo, ele pode reconhecer as afecções dos pacientes, estabelecer atendimento urgente ou emergente, auxiliar no atendimento de pacientes com necessidades, tem capacidade de liderar equipes e gerenciar processos administrativos das unidades de atendimento.
E para tudo isso, ele precisa ter conhecimento técnico, como no acesso vascular, na sondagem vesical, na intubação traqueal, no suporte ventilatório, na punção liquórica, em suturas, bloqueios anestésicos e muito mais.
Onde atuam os médicos emergencistas
Você já deve saber disso. Mas, vamos lá. Esse profissional pode atuar em unidades de pronto socorro, os chamados OS. Assim, ele pode fazer 4 tipos de suporte, como na atenção básica, nos pequenos traumas, nas emergências clínicas ou nos procedimentos específicos.
Ele também pode atuar em SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) ou ASU (Auto Socorro de Urgência). Sem falar que pode atuar dentro das USA (Unidade de Suporte Avançado de Vida) ou USB (Unidade de Suporte Básico da Vida).
O médico emergencista vive de plantão?
Essa é uma verdade, mas só em partes. Isso porque em locais onde essa especialidade é mais antiga há jornadas de trabalho que são de 6 a 8 horas diárias, como nos Estados Unidos. E no mesmo lugar, em empresas diferentes, dá para ter rotina semanal maior também.
Já no Brasil, a especialidade é nova e, por enquanto, a profissão está totalmente ligada aos plantões médicos. O que se deve notar é que alguns lugares permitem plantões bem mais organizados do que aqueles que vemos em filmes e séries de TV.
O que é verdade, porém, é que o atendimento desse médico é visto como os 15 minutos iniciais para todas as especialidades seguintes. Por isso, o profissional tende a ser mais valorizado com o tempo.
Quanto ganha um médico emergencista
Aqui a gente precisa considerar um ponto importante: a especialidade só foi reconhecida no Brasil em 2016. Assim, há de se considerar que há muitas vagas ainda não ocupadas, como acontece com a medicina preventiva e a patologia clínica.
No Brasil, os médicos que cursam residência médica em medicina de emergência são de 0,2%. Assim, acredita-se que por aqui há apenas 210 emergencistas especializados em atuação. Logo, há uma falta desses profissionais no mercado de trabalho.
Com isso, aqui a gente tem a ideia de que esse médico ganha pouco, entre R$ 5.276 e R$ 13.864. Porém, quando avaliamos em outros países, como nos Estados Unidos, saiba que eles estão entre os mais bem pagos da medicina. O mesmo vale para Canadá e Austrália.
Como se tornar um emergencista no Brasil
Para se tornar um médico emergencista é preciso fazer a prova de títulos da Abramede ou fazer a residência em medicina de emergência, que é uma espécie de estágio do curso. O problema é que ainda são poucos os programas voltados para essa área no país.
Há ainda uma próxima opção: fazer uma especialização (pós-graduação) em medicina de emergência. Isso permite que o médico trabalhe em outra área e estude essa, ao mesmo tempo. É por isso que hoje é uma especialidade de muitos recém-formados.
Sendo assim, esse médico tem experiência técnica e cientifica assistencial generalista para promover o cuidado aos pacientes com caráter agudo. Por curiosidade, saiba que o médico clínico é bem diferente, já que busca um diagnóstico.
A residência para ser médico emergencista
Já chegando ao fim, você pode ter ficado curioso sobre a atuação da residência, que dura 3 anos. Saiba que ela pode acontecer em serviços de emergência de alta ou baixa complexidade, como salas de emergência, pediátricos, ortopédicos, etc.
Ao mesmo tempo, também pode ser em serviço de atendimento móvel de urgência, serviço pré-hospitalar, unidade de terapia intensiva, anestesiologia, atendimento de trauma, unidades de pronto atendimento, unidade de queimados, centro de intoxicações, etc.
Curiosamente, um residente em medicina de emergência pode ter um salário que varia entre R$ 6 mil e R$ 8 mil. Conforme a Catho, que é especializada em empregos, o salário médio é de R$ 6.863,96. E isso é 1/3 de outras especialidades, como cirurgião plástico (R$ 18.564,06).
Como se candidatar a residência médica de emergencista
O melhor caminho é indo atrás das faculdades e universidades que dispõe dessa residência. A gente sabe que a USP (Universidade de São Paulo) é uma das que oferece a oportunidade. E diz que o programa exige 3 etapas: seleção pública, análise de currículo e entrevista.
Também afirma que são abertas duas vagas por ano e que o tempo de duração é de 3 anos. A carga horária é de 60 horas semanais e tem as férias de 30 dias. Durante o programa, ao menos 10% da carga horária deve ser de teoria, como aulas, seminários e artigos.
Para saber mais
Assim, o trabalho nas unidades de atendimento de emergência pode ocupar até 70% da carga horária, sendo que a UTI pode chegar a 30%, assim como as áreas clínicas. Você pode saber tudo sobre esse programa no site da USP.
Além da UPS< o interessado também pode pensar em dois programas que são pioneiros no Brasil. Um acontece no Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre (RS) e outro no Hospital Massejana de Fortaleza (CE). Além desses lugares, o programa também se estende até Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.