O nome é sugestivo. Ou seja, o médico do trabalho é aquele profissional da medicina que é focado no mercado de trabalho. Sim, ele atua em empresas – ou melhor, com o foco em empresas. O importante é saber que é uma área da medicina que tem crescido muito.
Com base em dados da Demografia Médica no Brasil, que foi um estudo feito em 2018, saiba que 4,2% dos médicos do país se especializaram nessa área, do trabalho. Isso dá algo bem próximo de 16 mil profissionais que atuam pelo zelo e bem-estar dos trabalhadores.
O que é a medicina do trabalho
Vamos começar falando da profissão. No dicionário, diz que “é uma especialidade que se preocupa com a prevenção das doenças no exercício profissional e no controle dos riscos ambientais”. Logo, está focada na “promoção da saúde do trabalhador”.
Assim, foram criadas normativas da medicina do trabalho, que tem a ver com a medicina ocupacional também e servem para ajudar o trabalhador na função de uma busca por uma boa qualidade de vida e sem risco no trabalho.
Atualmente, as empresas estão mais preocupadas e conscientizadas com isso. No entanto, as avaliações médicas ajudam demais no amadurecimento do setor, além de auxiliar no cumprimento das obrigações dos empresários.
Como surgiu a medicina do trabalho
A verdade é que as preocupações com a saúde do trabalhador são antigas. Porém, ela teve início mais forte no começo do século 19, na Inglaterra, durante a Revolução Industrial. Isso porque não havia nenhum tipo de segurança em ambientes fabris (fábricas).
Logo, os donos das fábricas começaram a chamar os trabalhadores do campo, formando a burguesia. O problema é que as condições de trabalho deles eram péssimas, com jornadas extensas e daí começaram a aparecer várias doenças relacionadas ao trabalho.
Aliás, alguns registros falam de doenças pulmonares, que eram comuns em trabalhadores das minas. Foi assim, pensando nisso tudo, que o governo inglês nomeou o primeiro médico do trabalho. Isso lá em 1834.
O primeiro médico do trabalho
Esse médico tinha a função de inspecionar as fábricas inglesas e, depois, as escocesas também. A ideia era que tivesse um cuidado com os trabalhadores nesses ambientes e que tomasse medidas de prevenção de acidentes.
A partir disso começa a aparecer o conceito da medicina e da segurança do trabalho, já que os empregados fabris tinham que fazer exames periódicos, além dos admissionais e demissionais.
No Brasil, a história começa a ser contada em 1944, já no Estado Novo, quando houve uma série de direitos ao trabalhador que foram promulgadas na Consolidação das Leis de Trabalho. Nessa época, comissões internas para prevenir acidentes de trabalho foram criadas.
A promulgação das normas reguladoras
Apesar de existirem medidas para evitar acidentes de trabalho, considere que elas não eram cumpridas com rigor. Logo, o resultado você imagina: uma legislação que tornasse tudo mais claro, mais efetivo e também mais rígido.
Assim, em 1978 nasceu o que é chamado de promulgação das normas reguladoras. Porém, quem falhava agora era a fiscalização. E assim ficou até 1994, quando surgiu um novo modelo de normas, que é o usado até os dias atuais.
A última atualização usa como base a Portaria 3.214 de 1978, que tinha 28 normas regulamentadoras. Já na última revisão existem 37.
O que faz um médico do trabalho
Um dos pontos mais importantes é entender qual é a função desse médico. Então, saiba que ele precisa conhecer sobre as atividades profissionais do mercado de trabalho para assegurar a saúde dos colaboradores de uma empresa.
Por exemplo, ele pode ser aquele médico que atual com programas de controle médico, na saúde ocupacional, com exames feitos periodicamente, com a entrega de relatórios sobre análises clínicas. Ele pode realizar atendimentos médicos e fazer exames, além de muito mais.
De um modo geral, a gente pode descrever aqui como principais funções do médico do trabalho: atendimento médico, exames e diagnósticos, acompanhamento de pacientes, inspeção do ambiente de trabalho, notificação de doenças e acidentes, atividades educativas.
Os tipos de exames feitos pelo médico do trabalho
Agora, não há dúvidas de um dos principais campos de atuação desse profissional é com os exames. Ou seja, quando um trabalhador vai começar em uma empresa, ele precisa provar condições físicas e psicológicas para a função – em boa parte das vezes.
Assim, isso é feito através de exames médicos. Se ele vai sair da empresa, também precisa dos exames para saber se sofreu algum efeito colateral com o tipo de trabalho. Isso costuma ser ainda mais valioso para os casos de colaboradores com direito aposentadorias especiais.
Então, veja abaixo a lista com todo os tipos de exames:
- Exame Admissional (antes da contratação);
- Exame Periódico (durante intervalos de tempo);
- Exame de Retorno (quando há afastamento);
- Exame de Mudança de Função (quando muda de setor);
- Exame Demissional (quando sai da empresa).
Logo, a partir desses tipos de exames dá para considerar que o médico do trabalho precisa estar atento aos problemas que cada trabalhador pode enfrentar na empresa, seja em ambiente laboral ou com dicas educativas.
Outros locais de trabalho do médico do trabalho
Só que além de trabalhar em consultórios médicos que fazem os exames, esses profissionais também podem atuar na rede pública, com ações focadas no desenvolvimento do trabalhador. Além da área de pesquisas investigativas de campo.
Ou eles podem atuar diretamente nas empresas, sendo terceirizados, por exemplo. Também podem trabalhar em órgãos de fiscalização e normalização. Em Perícia Médica da Previdência Social é outra opção, sendo um dos cargos mais procurados pelo médico do trabalho.
E o campo de trabalho ainda passa por: assessoria de sindicatos, organizações de empregados, consultorias privadas, formação de profissionais, perito judicial de processos trabalhistas.
Como se tornar um médico do trabalho
Se você gostou do texto até aqui, vamos lá. Saiba que não há muito segredo sobre a formação do profissional. Ele precisa ser médico formado em cursos de graduação que duram em média 6 anos. Sem se esquecer da residência médica, que é um tipo de estágio.
A residência médica em medicina do trabalho tem duração de 2 anos, na maioria das vezes. E é como um treinamento em serviço. Ao final, há uma prova para ter o título de especialista.
Ele também precisa ser aprovado no título de especialista em medicina do trabalho, isto é, ter um certificado dessa pós-graduação. Nesse caso, o objetivo é buscar uma qualificação a mais, sendo que o curso pode ser feito até mesmo por outros especialistas da medicina.
A prova de títulos
Para todo caso, pensando na residência médica ou mesmo no curso de pós-graduação, saiba que é preciso ter a prova de títulos que é emitida pela ANAMT (Associação Nacional de Medicina do Trabalho), que é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina.
Por curiosidade, um curso de pós-graduação em medicina do trabalho tem duração média de 1900 horas e podendo ser feita em até 18 meses. O investimento final total fica em R$ 23 mil, além de outros gastos que podem acontecer durante o curso.
Mas, a medicina do trabalho é obrigatória?
Com base nas normas do Ministério do Trabalho e Emprego, considere que as empresas devem seguir a medicina do trabalho sim. Isso porque o foco está em garantir os recursos ocupacionais aos trabalhadores e ao empresário, garantindo a prevenção de riscos.
Para quem não cumpre as regras, existem as penas sérias e outras mais brandas, mas todas com multas bem altas. Logo, dá até para considerar a área rural, que tem ao menos 36 normas citadas para as atividades dos trabalhadores, por exemplo.
Sem contar que hoje em dia há uma fiscalização muito atuante e ativa em todos os mercados e setores, sendo que o cumprimento das normas é algo essencial para o bem-estar de toda e qualquer empresa.
As especialidades dentro da medicina do trabalho
E ser médico do trabalho já é uma especialização da medicina, considere que dentro dela existem algumas variações para outros profissionais. Ou melhor, alguns campos de atuação que são bem diferentes uns dos outros.
A gente vai citar, também em lista, algumas ideias:
- Engenheiro em segurança do trabalho (insalubridade do ambiente de trabalho);
- Técnico em enfermagem do trabalho (auxilia médicos dentro da empresa);
- Fisioterapia do trabalho (atua em casos de lesões por esforço repetitivo);
- Ergonomista (atua nas posições físicas para o trabalho);
- Nutricionista (atua na parte da alimentação);
- Psicólogo (fica disponível para acompanhamento psicológico).
Esse tópico é legal para entender que a medicina do trabalho não é formada apenas por médicos. E sim por um grupo de profissionais da saúde que podem trabalhar de forma conjunta e obtendo, assim, os melhores resultados.
As consultas da medicina do trabalho à distância
Com a pandemia, vale mencionar que se tornou possível fazer as consultas online. No entanto, para o trabalhador isso não parece tão vantajoso já que ele precisaria fazer exames para que um laudo médico seja emitido.
Ou seja, é comum que na consulta online o médico peça para ver exames como eletrocardiograma, espirometria, eletroencefalograma, Raio X, audiometria, acuidade visual, exame de sangue. E tudo isso tem que ser feito presencialmente.